Entre a Infância Encurtada e a Longevidade Estendida

Uma Reflexão Sobre o Ciclo da Vida

Ricardo Ruffo
3 min readFeb 20, 2024
Photo by Kelly Sikkema on Unsplash

Recentemente, o nascimento da minha filha, que agora completa nove meses, me inspirou a uma nova reflexão sobre os ciclos da vida. Observar o crescimento de minha filha, desde recém-nascida até os seus primeiros passos me fez refletir profundamente sobre o significado e os impactos que esses ciclos tem em nossas vidas. Este marco pessoal, inspirado pela comunidade de antropologia liderada por Michel Alcoforado da Consumoteca, trouxe-me uma perspectiva mais aprofundada sobre as etapas da vida: infância, adolescência, idade adulta e velhice.

Tenho refletido muito sobre a longevidade e como quero estender ao máximo meu tempo na fase adulta para curtir todos os momentos possíveis com minha filha, assim como percebo uma nova geração ainda na infância que deseja cada vez mais encurtar essa fase e acelerar sua entrada na vida adulta. Essas duas tendências socioculturais aparentemente contraditórias estão moldando nossa percepção sobre o início e o fim do ciclo da vida.

Primeiramente, estamos testemunhando um fenômeno curioso e desafiador: o encurtamento da infância. Uma manifestação simbólica disso são os chás de revelação da primeira menstruação, celebrados para meninas de 9, 10 ou 11 anos ou a aquisição de celulares para crianças nessa faixa etária. Além disso, o aumento do consumo de cosméticos de beleza por meninas de 10 a 14 anos aponta para uma pressa em adentrar a adolescência e, por extensão, a vida adulta. Essas práticas não apenas refletem, mas também aceleram a transição da infância para a adolescência, sugerindo uma erosão da inocência e da liberdade que caracterizam a infância.

Paradoxalmente, enquanto a infância parece diminuir, o desejo pela longevidade e pela manutenção da juventude se intensifica. Minha última leitura sobre o tema longevidade foi o livro “Outlive” de Peter Attia, fui confrontado com uma abordagem científica e filosófica que explora profundamente como a medicina, a tecnologia e a ciência da nutrição estão sendo utilizadas para estender nossas vidas. Attia argumenta que, através de práticas intencionais e conscientes em nossa saúde e bem-estar, temos o potencial não apenas de viver mais, mas de viver melhor. Esta busca pela longevidade, evidenciada pelo crescente investimento em saúde preventiva e anti-idade, reflete nossa relutância coletiva em aceitar a progressão natural da idade biológica.

Essas duas tendências refletem uma dissonância em nossa relação com o tempo e as fases da vida. Por um lado, aceleramos o fim da infância, pressionando nossos jovens a amadurecerem rapidamente. Por outro, resistimos à aceitação da velhice, buscando desesperadamente reverter ou ao menos desacelerar o relógio biológico (biologicamente tenho 41 anos e 4 meses, mas minha idade corporal está em 38 anos e quero diminuir ainda mais. Talvez eu nunca volte aos 18 anos como Bryan Johnson que está numa jornada pessoal pela eternidade).

É crucial nos perguntarmos: o que estamos perdendo ao encurtar a infância e resistir à velhice? A riqueza da infância não reside apenas na inocência, mas na capacidade de explorar, aprender e crescer sem as pressões e expectativas da vida adulta e independete. Da mesma forma, a sabedoria e a serenidade que podem acompanhar a velhice são tesouros que merecem ser valorizados, não temidos ou evitados.

Convido a refletir sobre essas questões e a participar desta conversa crucial. Como podemos cultivar uma sociedade que valorize todas as etapas da vida, reconhecendo a beleza e os ensinamentos que cada uma delas oferece? Como podemos proteger a infância de nossos filhos, permitindo-lhes crescer no seu próprio ritmo, enquanto abraçamos a jornada da idade com graça e gratidão?

Ao meditar sobre o ciclo da vida, talvez possamos encontrar um equilíbrio mais harmonioso, celebrando cada fase por suas contribuições únicas à nossa jornada humana. Juntos, podemos reimaginar uma sociedade que honre tanto a alegria pura da infância quanto a profundidade e a riqueza da velhice.

Texto por Ricardo Ruffo
Editado por ChatGPT 4

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Ricardo Ruffo

Entrepreneur, Educator & Designer. Writer and Surfer on spare time and CEO at Echos Innovation Lab